6/8/2013
No programa dessa noite com os representantes da Mídia Ninja, a maioria dos entrevistadores do Roda Viva, na TV Cultura, não entendeu nada. Ou, o que é mais provável, fingiu que não entendeu.
Apostou no tom de fofoca. Teimou no mais que desgastado Fla x Flu entre PSDB e PT, sem perceber as novas forças que estão em jogo no cenário nacional.
Ao pressionar os entrevistados para uma posição sobre a sustentação financeira do projeto, ouviu, o que pra nós dos movimentos sociais é natural, que nem tudo nesta vida é feito por dinheiro.
A maioria também se surpreendeu com a afirmação precisa de que "um dos objetivos da Mídia Ninja é, em algum momento, deixar de ser necessária, pelo surgimento de novas experiência semelhantes", frase essa difícil de ser compreendida por quem acha que tudo na comunicação tem que buscar o lucro e que tudo tem que crescer, ficar enorme, como uma espécie de falo midiático para que os acionistas possam gozar.
Esse tempo está passando e o direito de transmitir informações está de saída, em progressão geométrica, dessa lógica na qual só alguns comunicavam.
Muitas foram as perguntas fora do que poderia ser atrativo no relato de interessantes práticas da Mídia Ninja. Mais de dez perguntas foram norteadas por regras do jornalismo convencional e comercial. Midiativismo é outra coisa.
Ouviram uma resposta precisa sobre a farsa da neutralidade: "pelo menos o midiativismo não brinca de neutro". A forma como os Ninjas fazem as transmissões ao vivo pode ser revista, aperfeiçoada? Sem dúvida. Porém, põe na mesa de debates um dos maiores mitos da imprensa tradicional: a crença de que os diferentes lados são ouvidos numa espécie de lógica científica.
A música 'como nossos pais', que era tão bem interpretado por Elis Regina, explica o que pode ter norteado os corações a as mentes da maioria dos ilustres entrevistadores: "é você que ama o passado e que não vê, que o novo sempre vem".
*Marcus Aurélio de Carvalho é coordenador executivo da Unirr
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